Se libertar de um abuso narcisista e trilhar o caminho de volta à vida não é simples. Em verdade, é bem complexo e doloroso. Por isso, o suporte psicológico é fundamental.
Essa experiência de reconstrução e reencontro consigo mesmo exige calma e respeito. O olhar do profissional que acompanha esse processo precisa, necessariamente, ser acolhedor e validar a narrativa desse sobrevivente.
Buscar ajuda profissional é fundamental para que se rompa o ciclo e que as experiências não se repitam.
A melhor forma de sair disso? Saindo. Como? Saindo. De que jeito? Saindo.
Infelizmente não existe uma fórmula mágica... Seria maravilhoso se fosse possível não sentir dor nesse processo mas não tem como...
A boa notícia é que passa. Se você for firme, tiver calma e amor, passa.
Simone Velloso
Psicanalista Clínica
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A IMPORTÂNCIA DO CONTATO ZERO
Por Simone Velloso - Psicanalista Clínica
O transtorno de personalidade narcisista é uma condição mental, ligada ao comportamento, que remete a um padrão difuso de grandiosidade, necessidade excessiva de admiração e falta de empatia. O narcisista tende a ser explorador em relações interpessoais e a tirar vantagem do outro para atingir seus próprios objetivos. Demonstra com frequência comportamentos ou atitudes arrogantes, insolentes e agressivas, espera uma grande dedicação por parte dos outros e pode explorá-los abusivamente sem dar importância ao impacto que esse fato pode ter em suas vidas. Tem a expectativa de ser servido e fica atônito quando isso não acontece, mostrando-se muito sensível a críticas ou fracassos.
É comum no(a) narcisista:
* Mostrar-se impaciente ou zangado
*Reagir com raiva ou des.... (continuar lendo)
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Por Aline Bastos - Psicóloga Congnitivo comportamental
Abstinência significa a ação de abster, de se privar de alguma coisa, que consequentemente gera um conjunto de reações físicas e psíquicas em razão dessa suspensão. Ocorre que as experiências se apresentam de forma muito aumentada nas relações narcisistas/abusivas, devido ao fato de que a “boa fase” das relações são invariavelmente intensas, regadas de exagero, de satisfação impecável das expectativas românticas do outro, bombardeamento de amor e atenção irreais. Em outras palavras, é uma fase dourada potencializada e, por ser potencializada, espera-se que seus efeitos também os sejam. Quando menos se espera você se torna “dependente” dessa pessoa, e o rompimento do relacionamento equivale ao efeito de abster-se. A sensação é semelhante a que se tem quando se tenta deixar o vício por uma substância química que você percebe que lhe dará um prazer e bem-estar apenas momentâneo. É uma espécie de “caos neuroquímico”, de convulsão mental e emocional do qual não é fácil se desvincular. O sofrimento psicológico experimentado costuma ser devastador para o cérebro, que entende que o prazer é uma questão de sobrevivência e irá se esforçar para nos fazer lembrar dos momentos de prazer confundindo a abstinência com amor e saudade de alguém que notadamente nos faz mal. A mente viciada insiste em pensar na pessoa, em pensa que sente falta, que pode dar mais uma oportunidade, cria um desconforto e muitas vezes abre espaço para a vulnerabilidade. Os sintomas são as dúvidas generalizadas, insegurança, desejo de isolamento, tristeza, dificuldade de concentração, depressão, altos e baixos emocionais. Sofrer com a síndrome de abstinência emocional, dentro de certos parâmetros de intensidade e duração, é algo completamente normal. Muitas vezes, esta é uma realidade inconsciente, ou seja, a pessoa que sofre não se dá conta do problema. É preciso assumir que é algo temporário, que vai dar lugar a um outro estado mais equilibrado, concentrado e forte. As crises de ansiedade podem ser muito fortes, mas elas têm fim.
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SOBRE A DEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Por Aline Bastos - Psicóloga Congitivo Comportamental
A dependência emocional
é um tema muito frequente em pessoas que passaram por relacionamentos narcisistas, sendo assim recorrente na prática clínica. De fato, a dependência emocional é um dos principais fatores que fazem as pessoas viverem dentro de relacionamentos abusivos, muitas vezes sem saberem que estão vivendo em um.
A dependência emocional é quando nós permitimos que os sentimentos do outro sejam maiores e mais importante que o nosso amor-próprio. Ela se torna um labirinto, uma prisão da qual é difícil sair porque frequentemente é confundida com amor. Por algum tempo, às vezes por muito tempo, a pessoa suporta qualquer comportamento e suas consequências sem perceber que está renunciando a sua própria vida e os seus sonhos, investindo de forma desproporcional nesse relacionamento.
O amor se baseia em uma escolha livre, na cumplicidade e no respeito, e não em uma necessidade gerada pelo controle e manipulação, que são próprios de relacionamentos abusivos.
Na psicologia, entendemos o narcisista como alguém que se coloca acima das pessoas, de todas as formas possíveis, não apenas ampliando seu autoconceito, como também desmerecendo os outros. Não há nada errado em gostar de si mesmo, ao contrário: é muito importante que saibamos nos amar, nos valorizar e trabalhar para melhorar a cada dia. Porém, o narcisista não se limita a isto; para que consiga sentir-se bem lança mão de ferramentas de destruição da autoestima alheia, ou seja, como ele(a) não consegue sentir-se bem (embora pareça que está bem), não permite que ninguém sinta-se melhor que ele. Narcisistas visam principalmente inocentes e desavisados, aqueles(as) que estão passando por momentos difíceis, estão lutando com a autoestima, ou têm outras vulnerabilidades, e chegam ao seu “resgate” como um cavaleiro de armadura brilhante (ou uma tentadora sedutora).
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SOBRE A VERGONHA E A CULPA
Como seguir em frente
Por Aline Bastos - Psicóloga Cognitivo Comportamental
Por que sentimos vergonha e culpa?
Nos relacionamentos tóxicos é comum que as pessoas sintam um misto de CULPA e VERGONHA. Um ambiente permeado com críticas destrutivas, cobranças excessivas e humilhações constantes é muito propício para eliciar em nós esses sentimentos. Além da vergonha e da culpa, pensamentos negativos sobre si mesmo, sobre o futuro e sobre o mundo – que resultam em afastamento dos amigos e familiares – causam profundo estrago na autoestima. A pessoa se sente menosprezada, deprimida, com a sensação que fez tudo errado, que não consegue manter a paz em uma relação e que ninguém mais vai amá-la. Ela começa a se perceber menor que o outro, menos merecedora, pouco atraente e perde a vontade e/ou a força para mudar. O jeito de enxergar as outras pessoas também muda, vêm os sentimentos de desconfiança e o medo de desenvolver novos relacionamentos.
Submetida a comentários como: “você é louca(o)”, “...por isso ninguém quer você”, “deixa de drama”, “você não consegue fazer nada direito”, “você é acomodada(o)”, “você é leviana(o)”, “ninguém gosta de você”, “você não sabe valorizar o que tem comigo”, a pessoa se vê perdida, dependente, desestabilizada emocionalmente e acreditando que não existe outra realidade possível. Nos relacionamentos tóxicos a ideia é fazer com que a pessoa se sinta inferior e dependente. Em praticamente todos os casos o abuso deixa marcas profundas, pois ele vai minando os recursos pessoais e a capacidade de reação, tornando um algoz, mesmo quando a distância física já foi estabelecida.
Após passar por um relacionamento abusivo é comum ter receio de falar com outras pessoas, vem o medo do que os outros vão pensar, de ser julgado e criticado pelo acontecido. A exposição gera um enorme desconforto psicológico, é pesado lidar com os julgamentos externos e internos! O sentimento de culpa é quase permanente. Culpa por ter escolhido aquela pessoa, vergonha por ter permanecido ao seu lado...
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